Inquietudes com a gravura

A produção de gravuras em metal foi um acontecimento circunstancial decorrente de uma identificação perfomática com a técnica.
As várias etapas necessárias para a constituição de imagens em gravura permitem uma imersão nas sensações que o processo criativo instaura. O surgimento paulatino da composição dilata o tempo em que acionamos a intuição e prolonga o prazer de um estado experimentado quase como uma levitação.



A criação de um clima propenso à criação na sala das aulas de gravura da UFES pela professora Maria das Graças Rangel nos anos 90 favoreceu a produção dos alunos identificados com a técnica e culminou com a criação do Grupo Varal de Gravura.
Quando as técnicas do metal começaram a serem sentidas como um entrave a um gestual mais livre iniciei uma série de experiências que me permitissem numa expressão mais livre.

Experiência 1

Passei a coletar latas e usá-las como placas prontas, ou usei-as compondo com alguma outra imagem produzida tradicionalmente.



Experiência 2

Posteriormente amassei placas finas de cobre para obter formatos e texturas desejadas.



Experiência 3 e 4

Desenhei sobre a placa preparada com breu para banho em ácido (água tinta) e isolei com verniz o restante da área.
Posteriormente radicalizei desenhando com lápis pastel oleoso sobre a placa preparada com breu, levada diretamente ao ácido, obtendo um resultado direto, sem artifícios para se assemelharem aos parâmetros dos desenhos com creiom.











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Gravuras a partir do filme "Os amantes da ponte Neuf", direção de Leos Carax
1996, 40 x 56 cm
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Experiência 5
Desenhei de observação com ponta seca diretamente sobre a placa.
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Experiência 6 - desafios para criar imagens de Artaud

Para criar imagens para a exposição "Retratos de Antonin Artaud", busquei um método que fosse condizente com o teatro da crueldade. Cobri uma placa de cobre com plástico adesivo contact, desenhei com um estilete o perfil de Antonin e coloquei a placa ainda coberta com o contact no ácido por várias semanas, até corroer a área exposta pela incisão do estilete. Imprimi utilizando como tinta o azinhavre que se formou, utilizando papel umedecido com água misturada com algumas gotas de cola.
Busquei, assim, acentuar o gesto e registrar o tempo através da ação do ácido sobre a placa.
Também utilizei para uma das impressões papel pintado com barro.

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1996, 29 x 39 cm e 29 x 39 cm

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29 x 39 cm e 56 x 40 cm

A ruptura
Para a mesma exposição realizei outra gravura com as técnicas tradicionais. Ao terminá-la, a insastifação com o resultado realista levou-me a grafitar sobre sua impressão um desenho a partir do filme "Os amantes da ponte Neuf".


Desenho sobre gravuraDesnudo o mito resta o corpo grito, 1996, 40 x 56 cm
Exposição Os rostos de Antonin Artaud, 1996

Nesta atitude de sobreposição de técnicas descobri que buscava na gravura uma liberdade já encontrada no desenho.

Um comentário:

  1. Estou amando conhecer sua arte e processos!!! Nos conhecemos alguns dias atrás, em Ubatuba. Estava com a Bi. Beijos

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